Salvate Amici!
Exactamente, começamos com beringelas grelhadas. Na minha versão, apenas um fio de azeite, oregãos, sal grosso preto em lamelas, um pouco de pimenta em grão da mesma cor e umas folha de manjericão.
Itália! Não a das pizarias. A dos legumes e dos peixes frescos aromatizados. A de um leve cheiro a trufas na massa, no azeite, no sal depois de temperar, a da dourada grelhada com molho de limão (só), a das saladas trincantes (porquê crocantes?) e muito coloridas, que parecem acabadas de colher. Sim, essa Itália!
Falamos de mesa. É esta a que me apetece hoje em dia e a que como mais. Francesa, alguma, se deixarmos de lado os pratos que abusam de molhos. Sopa de peixe, com rouille, é um dos meus preferidos. Daqui, o Alentejo, sem sombra de dúvida. E, note-se, não como carne. Desde os espargos selvagens com ovos mexidos (mal) passados, à sopa de cação e às migas de bacalhau, passando pelas lulas de coentrada, creio que a cozinha alentejana bate por muitos pontos, pelas ervas-de-cheiro e pelos aromas/paladares, consequentemente, toda a outra cozinha portuguesa, um pouco boçal (muitos fritos - escapam as pataniscas, se muito bem feitas, sequíssimas).
Um outro ponto que não posso omitir, A Nouvelle Cuisine, instalada já há décadas, e que, cansada, passou a Cozinha de Autor e a outras designações. É uma desgraça! Não porque necessariamente incomestível, mas, se raramente de excepção, é míngua. Por outro lado, as doses nortenhas pecam pelo excesso (nunca confundir bom com muito), mas aquela, desde as entradas à sobremesa, centra-se na decoração dos pratos e pouco mais. Ora, para que esta se veja, têm de vir quase vazios. E Portugal não ficou atrás... Salada de tomates-cereja com uma emulsão de xarope de ginja: Bacalhau fresco sobre uma cama de À Brás (às vezes À Braz); Tarte de Frutos Silvestres com um coulis de Kiwi Fruit. "E esta, hein", como diria o saudoso Fernando Peça!?
Retomando a minha ementa de hoje, que tal, depois das beringelas gratinadas, uns choquinhos (muito pequenos e esvaziados) com tinta, em cima de fatias de pão frito muito seco (de preferência em papel pardo) e só acompanhados de mexilhões? Ah, sejam generosos com os coentros. A seguir, uma salada verde bem trincante com um azeite à escolha e um vinagre balsámico preto.
Para acabar, bem, uma rodelas de laranja salpicadas de canela. Só. (Corte as laranjas uma hora antes de servir.)
Simplicidade! Simplicidade na mesa, na escrita, na linguagem, na maneira de estar, em tudo! É o meu lema.
Valete
Raulus Antonius