Amici, Salvate!
Tento escrever sobre outro assunto que não a actualidade. Não consigo. Anseio pelo regresso à outra rotina para me dedicar à escrita de mais um livro, numa tentativa de fuga a esta obsessão que se tornou a realidade. Primeiro o país, depois o Mundo. Devia, logicamente, ter sido ao contrário, mas não foi. Caí num estado depressivo que analiso com rapidez. É fácil. O sentimento de impotência perante alguma coisa que acontece e pela qual não somos responsáveis. Sim, porque não me considero responsável pelo estado do país. O chavão "todos gastámos mais do que tínhamos" é mentira dos governantes. Todos não! Logo, nem todos devemos (presente do indicativo) pagar. Penso e repenso sobre isto. A depressão aumenta. Depois vem o Mundo, a mentira inglesa (mais uma), o caso do abuso de autoridade da "polícia mais correcta do planeta", a manifestação que se seguiu, os abusos que aconteceram, as riots da classe Delta que não tem que fazer, desqualificada, desempregada e que vive em ghettos mal aquecidos com pizzas requentadas, overweight, sem futuro, assediada constantemente por anúncios televisivos: "tenha isto; compre aquilo", Câmaras Municipais que vão retirar habitações sociais a famílias que tiveram filhos de 10 anos envolvidos nas riots e que roubaram uma garrafa de água apenas (sic - foram filmados)... Quero sair desta realidade, mas não posso. Não posso e não devo!
A ficção espera-me como consolo. Mas não é. O próximo dever literário são Memórias. Porém tudo o que me desvie daqui e de agora é tranquilizante.
Valete
Raulus Antonius