Amici:
Não se assustem!
Um relato. Ontem estive numa tertúlia sobre poesia erótica portuguesa, especialmente do século XIX, e alguém durante o jantar disse que não celebrava nem o 25 de Abril nem o 1º de Maio. Quietly, perguntei se a pessoa era fascista? Respirou fundo e com um sorriso, como quem combate o Mundo, respondeu-me: "Sim". Respondi: "não gosto" e não disse mais nada. Mantive-me à mesa e apaludi os magníficos poemas ditos por essa pessoa, aliás com uma arte extraordinária. Admiração e amizade devem aguentar estas coisas, o que não impede que cada um não lute pelos seus ideais! Lembrei-me então de um jantar em casa de um diplomata português, há cerca de três anos, em que alguém trouxe a conversa perigosa de Israel para a mesa, afirmando que "os outros" eram umas bestas. A conversa tomou a proporção que me pareceu humana, à volta de uma mesa, mas, a certo ponto, houve o perigoso exagero! Deixei de poder ouvir chamar "os outros", seres inferiores e, convictamente, e com algum conhecimento de História e do Mundo, disse: "If you want peace, you must erase Israel from the Map." Reacções várias. Uma senhora bateu coma as duas mãos na mesa, à boa maneira alemã, e disse que era uma quarto judia (coisa que também sou, um quarto judeu, e que anunciei antes de fazer o meu statement), dois convidados do anfitrião, que estavam hospedados em casa dele (curiosamente da África do Sul - arrependidos Afrikaans?), atiraram com o guardanapo para cima de mesa e retiraram-se sem dizer nada, nem mesmo um sinal ao anfitrião, que, diplomata, não disse nada, embora talvez tivesse gostado da confusão. A senhora, mais chique, ficou, mas nessa noite não se despediu de mim.
Get my point?
Valete,
Raulus Antonius.